Em conversas com herdeiros de empresas familiares, há uma pergunta que paira, mesmo quando não se pronuncia: até que ponto ingressar no negócio foi, de fato, uma escolha? Alguns falam com brilho nos olhos. Outros, com a sensação de terem apenas seguido um caminho já desenhado.
Falar de felicidade no trabalho, nesse contexto, é falar de autoria, da sensação de conduzir a própria história. Quando essa experiência falta, surgem o ressentimento, o vazio, a dúvida. Ainda assim, mesmo quando a largada não foi uma decisão consciente, o percurso pode ganhar sentido, e o lugar, novas camadas de significado.
Felicidade, afinal, não é ausência de conflito, mas presença de lucidez: um movimento delicado entre escolhas, limites e desejos. Como lembra a psicanalista Maria Homem, “refletir sobre a experiência é justamente o que nos faz humanos”. Talvez seja essa escuta de si que transforme o trabalho em território fértil para realização, pertencimento e contribuição.
Afinal, o que nos faz permanecer, quando o caminho não foi uma escolha, mas uma herança?
Nos últimos anos, a felicidade no trabalho deixou de ser um “nice to have” e passou a ser um diferencial competitivo real. Para atrair talentos, reduzir o turnover, aumentar a produtividade e construir culturas organizacionais mais humanas, repensar o bem-estar como parte da estratégia é não apenas necessário, é urgente.
Estamos, afinal, mais infelizes?
Sim, e os dados confirmam. O mundo vive um aumento global nos sentimentos de infelicidade, especialmente entre os mais jovens. O World Happiness Report mais recente mostra queda na satisfação com a vida em diversas faixas etárias, mas é nas novas gerações que os sintomas aparecem com mais força: ansiedade, desconexão e esgotamento.
A The Atlantic se aprofunda nesse cenário com uma análise geracional detalhada, enquanto o New York Times lembra que, apesar de tudo, relações humanas seguem sendo o maior fator de proteção quando falamos de bem-estar.
Mas se o contexto traz números preocupantes, ele também aponta caminhos. A Finlândia, eleita o país mais feliz do mundo pelo sexto ano consecutivo, mostra que felicidade coletiva não está ligada apenas à renda, mas a propósito, confiança social e equilíbrio entre trabalho e vida. Ou seja: ainda há o que aprender, ajustar e transformar.
E o trabalho com isso?
Cada vez mais, estudos mostram que o ambiente profissional é um dos pilares do bem-estar ou da sua ausência
Segundo o Work Happiness Report do Indeed, ambientes de trabalho saudáveis impactam diretamente o bem-estar geral das pessoas. E não estamos falando só de benefícios ou salários competitivos: escuta ativa, clareza nas expectativas e segurança emocional são ingredientes fundamentais.
Iniciativas como o Action for Happiness vêm ganhando espaço no mundo corporativo justamente por isso: propõem ações simples, mas consistentes, para cultivar mais empatia, conexão e cuidado no dia a dia. Pausas intencionais, check-ins de humor, metas mais humanas. Parece pouco, mas não é.
Trabalhar de casa ajuda? Depende.
O trabalho remoto trouxe alívio para muitos: menos tempo no trânsito, mais flexibilidade, mais autonomia. Mas ele também trouxe novos desafios. A Morning Brew mostra que, sem rituais de troca, conexão e pertencimento, o home office pode intensificar o isolamento e o desengajamento. Felicidade no trabalho, afinal, também se constrói na convivência.
Com isso, vemos que o espaço físico ainda importa, e muito. Não é só sobre ter mesa de ping-pong ou escritório instagramável. O ambiente de trabalho, o espaço real, comunica valores e impacta diretamente o estado emocional das pessoas. O Wall Street Journal destaca como iluminação natural, ventilação adequada e conforto acústico podem melhorar humor, foco e até a criatividade dos colaboradores. Não é sobre luxo, mas sim sobre cuidado.
Mas o que as empresas estão fazendo na prática?
Algumas já entenderam que bem-estar não é discurso e estão colocando isso em ação de formas muito concretas:
→ Bônus de bem-estar na Deloitte: um incentivo de US$ 1.000 que pode ser usado até para comprar LEGO, aquele gesto “simples” que valoriza o descanso criativo e o lazer como parte da performance.
→ Redesenho de metas e rotinas: o World Economic Forum destaca práticas como pausas programadas, jornadas mais realistas e escutas coletivas para criar ritmos mais humanos de trabalho.
→ Novo cargo: Chief Happiness Officer (CHO): cada vez mais empresas estão criando essa posição estratégica dedicada exclusivamente ao bem-estar das pessoas, um sinal claro de que felicidade virou assunto de gestão.
Por que isso importa, inclusive para os negócios?
Entender que empresas felizes são, também, empresas mais eficientes é a chave para o negócio. Enquanto a Business Insider mostra que colaboradores satisfeitos têm maior engajamento, produtividade e lealdade à marca, a Forbes afirma com todas as letras: felicidade no trabalho é o novo diferencial competitivo.
No fim, não se trata de romantizar o ambiente corporativo, mas de reconhecer que o trabalho ocupa um lugar central na vida das pessoas. E por isso mesmo, precisa ser um lugar possível de vínculo, de sentido e de saúde. Criar essa cultura é responsabilidade de todos. Mas começa com quem lidera.
O que te faz feliz? O NYT quer ajudar a descobrir
Um quiz interativo para explorar, com leveza e profundidade, o que realmente nos traz felicidade.
Empresa nomeia um golden retriever como Chief Happiness Officer
Isso mesmo, na Índia, uma startup de tecnologia viralizou ao anunciar um golden retriever como seu CHO (Chief Happiness Officer)
Felicidade Interna Bruta: o Butão como referência para empresas
A matéria da Exame mostra como empresas brasileiras estão adotando o modelo de FIB para repensar suas culturas
Dicas para se manter atualizado
A professora de Yale, Laurie Santos, conhecida por seu curso sobre Ciência da Felicidade, apresenta um podcast que traduz descobertas da psicologia positiva de forma acessível, com episódios sobre expectativas, conexões sociais, propósito e bem-estar real, não aquele performático.
Colunista da The Atlantic e especialista em bem-estar, Arthur Brooks apresenta uma proposta prática e provocadora: construir uma vida mais feliz é possível, mas exige escolhas conscientes e disciplina emocional. Uma leitura que combina ciência, espiritualidade e experiência.
O que realmente faz as pessoas se sentirem felizes no trabalho?
Mariana Moura, fundadora da Evoa Academy, conversou com Carol Meneses, Diretora de Estratégia, Gente & Gestão da Amarante, sobre como cultura, ambiente e práticas de gestão influenciam diretamente o bem-estar no dia a dia. Com mais de 20 anos de experiência em liderança e consultoria, Carol compartilha, de forma prática e generosa, como a Amarante vem construindo um time mais feliz, engajado e conectado com o propósito da empresa.
Liderar em uma empresa da família é, muitas vezes, ocupar um lugar que não foi escolhido — e que nem sempre é claro. O programa intensivo de dois dias Desenvolvendo sua Liderança na Empresa Familiar foi criado para herdeiros, acionistas e gestores que desejam atuar com mais presença, leveza e intenção.
Aqui, liderança não se resume a um cargo. Falamos sobre a governança invisível, aquela influência que se dá nos bastidores, atravessada por afetos, expectativas e silêncios. Exploramos estilos de liderança, o impacto da presença, os modelos que repetimos (mesmo sem querer) e os desafios reais de engajar num ambiente que mistura emoção e estratégia.
A jornada começa antes da imersão, com um assessment individual que convida à autorreflexão e, ao longo do encontro, criamos um espaço de escuta entre pares, com ferramentas práticas e conversas que ajudam a dar nome ao que tantas vezes fica implícito.
E porque toda transformação começa no vínculo, abrimos a experiência com um jantar de boas-vindas.
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